Quinta-feira vi um Luxemburgo anti-Luxemburgo, com a voz embargada, se despedir do Galo Mineiro. Confesso que senti aquela breve compaixão que os patetas sentem pelos pulhas. São as minhas lágrimas de Heráclito. E para o Galo se salvar (improvável) falta ainda seu Raul pedir para o Fábio Costa pegar o seu banquinho e sair de mansinho. Mas ele vai pegar o banquinho e quebrar na cabeça do seu Raul. É o riso de Demócrito.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Lágrimas de Heráclito ou riso de Demócrito
Caros confrades, os tempos mudam e geralmente pioram. Antigamente tinha apenas credores, hoje já me dou o luxo de ter inimigos. E inimigos poderosos. A última: tiraram minhas quartas-feiras futebolísticas. Por conta disso escasseia o assunto para contribuir com nosso blog. Mas, driblando as injúrias da fortuna, pude ver dois terços do último clássico paulista, SantosXCorinthians. E bem poderia exercitar minha segunda desocupação predileta (depois de falar mal de todo mundo), ser o profeta do acontecido. Não havia como o Santos ganhar. Lembro de outro clássico - se não me engano semi-final do paulista - em que o famigerado Milton Neves, acredito que o mais notável profissional da difamação em atividade no Brasil (e percebam que nessa seara a concorrência é, como se espera, selvagem) tentar ganhar o jogo para o Santos tão somente no gogó da ema. Explico: o campeão, pé de anjo, camisa 7, fé no 4007, Marcelinho Carioca estava sob a suspeita de ter um caso com a Tiazinha, o que ele negava veementemente, o que também é um pouco inexplicável. Nas reportagens pré-jogo da Jovem Pan, Milton Neves, o próprio, ao entrevistar MC 07 não se furta a achacá-lo de todos os modos, a toda hora lembrando da tal Tiazinha. Foi uma tentativa, mas sem muito resultado. Parece que o Santos perdeu tal jogo, se não me falha a memória. Mas a situação era toda outra: o Santos era claramente inferior ao time de então do Corinthians, o achaque só produziu o que poderia produzir: o efeito contrário, e o Corinthians entrou mordido e fisgou o Glorioso Praiano. Dou toda a volta para falar de quem eu destesto, e detesto mesmo: o seu Neymar da Silva Santos Júnior. O Santos demorou muito para se recuperar, primeiro, da ressaca pós títulos, depois das saída de jogadores chaves - penso sobretudo no André e no Wesley (hoje, profeta do acontecido, preferiria que tivesse ficado o André e indo embora o seu Santos Júnior). Quando estava se firmando (mais ou menos) perdeu o Maestro do meio campo, meneur de jeu classique, o seu PH Ganso. Sobrou para a estrela do Neymar: que não brilha tanto assim. Seis penalidades máximas cobradas, três convertidas, o sujeito acha que é o Arantes do Nascimento. Pior: um Arantes do Nacimento que "tuita". Assim não pode, assim não dá, já ensinava o professor Cardoso. De todo modo, depois da briga com o Dorival e com o capitão do time, acho que o Dorival quis apostar alto, e pagou para ver. Um dia antes do clássico, peitou o lobby pró Neymar na esperança de não haver tempo para mais nada. Mas, verdade das verdades, para SantosXBota, FlamengoXGuarany e todos os outros: o jogo só acaba quando termina. E ganhou a banca. O time, como fica no meio disso tudo: com cara de peixe, mas de peixe morto. Volto aos dois terços do jogo que assisti: o Corinthians parecia mesmo mais sólido, e marcou um gol de aplicação e jogo coletivo. O Neymar não é o Messias, ele não joga para o time, mas espera que o time jogue para ele, digo isso sem fazer propriamente uma crítica. É a vocação dele como jogador. Deu no que deu. Acredito que ainda o Flu e o Inter podem embolar. Mas por enquanto, segue o time da classe trabalhadora.
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Muito bom!
ResponderExcluirSó uma correção. O lance da Tiazinha, que se não me falha a memória, ouvimos juntos, no pré jogo ao vivo da Jovem Pan, na lendaria cela 205 do pavilhão C do Carandirusp, foi uma semifinal de Brasileirão. Foi na época do Todo Poderoso Timão. Só não me recordo se foi em 98 ou 99.
Agora, realmente. Acho que a ficha caiu pro Santos. Quem dava mesmo a linha para o time era o Ganso. Que também não é nenhum santo (desculpem-me o trocadilho). Lembram-se que ele também já tinha tido um entrevero com o Dorival, recusando-se a ser substituido em um jogo do Paulistão.
Já tivemos a Democracia Corinthiana. Agora parece que se configura o 18 brumário santista. A restauração da Aristocracia dos Meninos.
Cada uma que são duas...vou te contar...
Muito bom mesmo!
ResponderExcluirprovando que somos mais que dois.
e diversos leitores, porém tímidos.
só discordo do Ganso.
Apesar da não saída, depois daquilo ele se emendou e se distanciou do Neymonstro.