sábado, 14 de agosto de 2010

Feito!

Caros amigos do novo blog. Já que ninguém se manifesta, manifesto-me eu.

Começo pelo futebol. Óbvio, não. Sim, mas após a ressaca dessa baita Copa do Mundo, falar de futebol, tendo como referência o brasileirão, a sul americana, fica complicado.


Pois bem, vou falar da Libertadores. Mas não exatamente da Copa Libertadores, que, somente a partir da manifestação de nosso querido Sobrenatural de Almeida, pode mudar de dono.


Vou falar da minha experiência de vivenciar uma final de Libertadores, com o Internacional de Porto Alegre, aqui, no Rio Grande do Sul.


Primeiro, a rivalidade.


Olhem, eu sou Corinthiano, vivi em São Paulo por 15 anos. Convivi com palmeirenses, sãopaulinos, santistas...convivi, essa é a palavra. É algo que não ocorre por aqui.


Nunca vi uma rivalidade tão acirrada quanto a que existe entre Inter e Grêmio. Alguém pode argumentar...mas aqui é assim também...os adversários se secam, torcem contra, enchem o saco nas derrotas...Mas aqui, como diria um anônimo, num muro quase na usp, a pegada é seca.


Do nível, nunca falar o nome do rival. Vocês nunca vão ouvir da boca de um gremista a palavra Inter, e nem da boca de um colorado, a palavra Grêmio. Vocês vão ouvir, “eles”, “os outros”, “ o rival”. A imprensa, na média de sempre, fala na “dupla”. É uma aversão que nunca vi na minha vida. E ratifico. Aversão, porque nunca vi, entre gremistas e colorados, nada mais que ofensas e pilhérias. Nunca vi uma briga (claro que falo isso aqui do fundo de santa maria. Nunca fui a um Gre-Nal. Mas já fui a um Santos e Palmeiras e quase tomei uma sova, estando à paisana)


Quando o Flamengo sagrou-se campeão brasileiro no ano passado, o foguetório aqui foi inacreditável. Os tricolores queria de todo o jeito que o Grêmio entregasse a parada. Alguns dias depois do jogo decisivo, ouvi num bar, provavelmente de um colorado: “O Grêmio fez uma azero só pra gente achar que dava. Só pra ficar pior no final”. Verdade? Nunca saberemos. Mas não duvido.


Prosseguindo. Aqui no Rio Grande do Sul, existe uma expressão muito simpática, que as pessoas usam mais ou menos como um “obrigado”, mas, evidentemente não é só isso. É o “feito”. Tu vai num bar e pede: um marlboro lights. O cara te entrega. Tu paga e ele tem diz: feito. E tu responde: feito. Na verdade, não adianta explicar muito, mas acho que dá pra entender.


Mas não é que um narrador da futebol daqui, seguindo o exemplo dos grandes, emplacou o bordão “feito!” para os gols que são marcados por essas bandas?


Fica mais ou menos assim: D´allesandro cruza prá área, Giuliano sobre e cabeceia e ...feito! O Inter empata em Guadalajara.


O cara, que eu deveria saber o nome mais não sei, criou uma pérola do nível “olho no lance!”, “tá no filó” e “cruel, muito cruel...”


Aqui, na Copa, em absolutamente todos os jogos, gol de quem fosse, era...feito!


Bom, agora eu ia dizer que ouvi o “feito!” duas vezes no jogo do inter, mas ia ser uma mentira de perna de anão, afinal quem narrou o jogo foi o Galvão. Mas ainda assim, o Inter vale o comentário.


A única coisa que poderia tirar o caneco do Inter estava no banco, e se chama Celso Roth. Mas, pelo jeito que o time jogou, ou ele aprendeu ou deu uma sorte do caralho. Eu acho que um pouco dos dois. O Inter tem um baita time, e os caras resolveram jogar na hora certa. Falo principalmente pelo D´allessandro, uma espécie de Souza (aquele do Corinthians, que também deu uma sesta no São Paulo) argentino. O cara arrebentou no jogo, depois de atuações apagadas, tanto no brasileiro quanto na semifinal com o Sâo Paulo (por falar nisso, se o SPFC quiser aprender a ganhar do Inter, dá uma passadinha lá no Parque São Jorge).


Esse Giuliano joga muita bola. E tem estrela. No jogo, quem estava incomodando os mexicanos era o Alecsandro, um centro avante nota 7, mas que ia bem no jogo e se machucou. O Roth mexeu mal (tanto que tirou o cara que tinha colocado) e o Inter tomou um gol numa cagada fenomenal.


Mas o Giuliano empatou e o Inter virou. A virada é um caso a parte. Pra quem já conhece meus comentários a respeito da importância do nome dos jogadores para seu desempenho e para aterrorizar os adversários, tenho que dizer. O Inter tem a melhor zaga do Brasil. Imaginem uma zaga com Índio e Bolívar? Baitas nomes e baitas zagueiros.


Agora, é segurar o jogo e ganhar o bi no Beira Rio. Com todos os méritos.


Mas e o brasileirão?


Ah...aí complica.


Agora, nesse momento, temos apenas dois candidatos ao título. Digo isso porque o terceiro colocado está a sete pontos do segundo, que está apenas a um ponto do primeiro.


O Fluminense teve a sorte de encarar um time à beira do rebaixamento (Atlético-Pr) na mesma rodada que o Corinthians encarou um clássico com o Palmeiras. O tricolor ganhou, o todo poderoso empatou e perdeu a liderança por apenas um mísero ponto. Evidentemente méritos do Fluminense, que nada tinha a ver com o jogo do Timão. Mas a disputa segue embolada.


Quais seriam os times capazes de incomodar os atuais lider e vice lider?


Atlético mineiro, Atlético Goianiense, Grêmio Prudente, Vitória...claro que não.


Internacional, São Paulo e Santos. Na minha modesta opinião, esses são os times que ainda podem brigar pelo título.


Um parentese. Também temos Palmeiras, Grêmio, e talvez o Flamengo, como times que também poderiam incomodar. Mas não acho que na atual situação de reestruturação que esses clubes vivem, seja possível refazer os cacos do passado e ganhar um campeonato ao mesmo tempo. Desses, quem está em melhores condições é o Palmeiras, que vem contratando bem e tem um bom técnico. Mas não ganha. Para os demais, que eu acho que estão muito atrás do Palmeiras em todos os sentidos, a coisa complica ainda mais.


Mas voltemos aos possíveis candidatos ao caneco. O Inter, se ganhar a Libertadores, só vai pensar no Mundial da Fifa (do qual somos os primeiros Campeões). O Santos, creio que vai se desmanchar. Essa convocação do Mano só serviu de vitrine pros gringos. E como as propostas dos caras não são fracas, acho difícil o Santos segurar. Se sair o Ganso e o Neymar, vai sobrar só o Marquinhos e o Léo como bons jogadores. O resto é resto. O São Paulo, creio que está num limbo, sem saber o que fazer da vida. Baresi de técnico? É brincadeira. Fora o desmanche.


Por incrível que pareça, vivemos uma situação em que o líder e o vice líder correm por fora. Já estamos na décima terceira rodada do campeonato. O líder tem 29 pontos e o vive lider 28. Mas para ninguém, absolutamente ninguém, esses clubes podem ser os campeões. Os dois seguem na miúda, ganhando seus pontos enquanto os outros perdem, se distanciando na ponta da tabela, mas parecem carregar a camisa dos cavalos paraguaios. Será? Eu acho que não.


Os dois clubes tem bons times. Ainda não consigo afirmar que o Adilson seja um bom técnico, mas falta pouco. Ele tem tido o mérito de aproveitar jogadores antes esquecidos pelo Mano, e aparentemente, está livre do peso do Ronaldo (que eu acho que não volta mais). Quanto ao Muricy, nada a comentar. Excelente treinador, que está se dando muito bem no Rio. Além disso, são times que não devem sofrer muito com a janela de transferência. O Mano nos fez um favor de convocar um reserva pra seleção. O Fluminense, aproveita a janela pra contratar o Deco (que eu acho que não joga nada, mas vai saber...)


Por isso, agora, e quero deixar bem claro isso, que essa é uma análise do presente, acho que o brasileirão 2010 será decidido no próximo Corinthians e Fluminense, se não me engano, o segundo ou terceiro jogo do returno. Com a vantagem do empate para o Fluminense.


Mas como o jogo é jogado e o lambari é pescado, e são onze contra onze e ninguém tem três bolas, pode ser que tudo isso escrito aí em cima não valha absolutamente nada. Tirando o “feito!”, é claro.

Um comentário: